domingo, 28 de abril de 2013

Caso Avianca 6313 – Um olhar crítico sobre o sensacionalismo na TV


Olá Tripulantes!
Num dia normal na vida de comissário pode acontecer muita coisa. Confira como um caso de atraso pode tomar um rumo inesperado e tire suas conclusões sobre como a mídia lida com isso.

Era apenas o fim de mais um dia de trabalho. Na quinta-feira, 11 de abril, o voo 6313 da Avianca fazia a última etapa da rota GIG/SSA/GIG/SSA/GRU. Mas um problema mecânico atrasou a saída de Salvador para São Paulo em cerca de cinco horas.
O resultado de qualquer atraso é sempre a impaciência e revolta de passageiros e, claro, com tamanha demora para decolar não poderia ser diferente. Só que, neste caso, a tripulação também estava sendo penalizada, com mais de dez horas de trabalho e oito horas de voo.
Foi pedido que todos desembarcassem, pois outra tripulação assumiria o voo, em cumprimento à Lei 7.183, que regulamenta os limites de jornada de trabalho e horas de voo de pilotos e comissários de bordo, evitando a exaustão desses profissionais e, com isso, visando a segurança de tripulação e passageiros.
Todos os consumidores que se sintam lesados com atrasos na aviação têm o direito de reclamar aos órgãos competentes e exigir reparações. Mas desrespeitar leis e causar baderna dentro de um avião não é algo que deva ser admitido, principalmente quando também há desrespeito aos profissionais que trabalham para o transporte e segurança no ar.
CONFUSÃO – Tão cansada quanto os passageiros em caso de atraso, a tripulação procura entender e minimizar os efeitos das reclamações a bordo e neste caso do Avianca 6313 não seria diferente. Mas um passageiro, se intitulando defensor dos consumidores, deu início a um motim dentro da aeronave, se recusando a desembarcar e estimulando os demais a entrarem na confusão.

O passageiro em questão era o candidato a prefeito de São Paulo, em 2012 pelo PRB, Celso Russomano. Ele usou o P.A. (interfone do avião) para incitar os outros passageiros a se recusarem a deixar a aeronave, se dizendo também piloto e exibindo conhecimento do código de defesa do consumidor, mas mostrando total desconhecimento das leis que regem a carga de trabalho dos profissionais da aviação brasileira e as normas de segurança.
Este artigo é baseado em relatos de tripulantes e passageiros do voo em questão, colhidos em matérias jornalísticas e depoimentos e fóruns de discussão na internet. Segundo relatos de testemunhas, para evitar mais problemas, o comandante acionou a Polícia Federal, procedimento padrão em casos como este. Só que Celso Russomano teria usado a presença da Polícia Federal ali para se promover como apresentador de um programa que defende consumidores.
TELEVISÃO – Celso Russomano apresenta na TV o quadro Patrulha do Consumidor, no Programa da Tarde, da Rede Record. E foi este mesmo programa que exibiu uma matéria sobre o caso, com imagens feitas dentro do avião e no saguão do aeroporto.

“E veja só que curioso: dessa vez a vítima foi o próprio Celso Russomano”, afirma o apresentador do Programa da Tarde, Britto Jr., na chamada do vídeo. Sobre o atraso, ele diz que “o que seria uma simples viagem se tornou uma maratona de espera e descaso”. Quando fala da espera, ele não está errado. Realmente, é como vítimas de descaso que se sentem os passageiros quando enfrentam longos atrasos. Mas daí a dizer que “o Celso teve até que chamar a Polícia Federal”… Os fatos foram um pouco distorcidos…
Vamos ao começo da matéria: o locutor diz que o Patrulha do Consumidor esteve em Salvador ouvindo dezenas de denúncias durante todo o dia e, cansado, Russomano desejava voltar para São Paulo. O voo marcado para as 21h43 sofreu atraso de mais de cinco horas. No vídeo, o telespectador lê “passageiros pedem ajuda a Celso”. E foi com câmera e microfone abertos que Russomano teria se intitulado porta-voz de todos que estavam cansados de um dia inteiro de trabalho ou de uma longa viagem. Mas e o piloto? E os comissários? Essas pessoas também não estavam cansadas?

POLÍCIA FEDERAL – Na matéria exibida pela Rede Record, Celso Russomano diz que chamou a Polícia Federal, que chegou quando os passageiros ainda estavam dentro da aeronave. Um Policial Federal explica que os passageiros teriam que desembarcar, pois estariam tomando posse de um equipamento de uma companhia aérea caso não obedecessem as regras da mesma. O vídeo também mostra Russomano tentando dar uma “carteirada” no policial: “Fui presidente da frente parlamentar da Policia Federal durante 14 anos. Se hoje a Policia Federal tem cursos universitários isso se deve a mim”.
A matéria divide opiniões. Algumas pessoas reclamam de desrespeito por parte da companhia aérea e concordam com a atitude do apresentador. Outras questionam a postura de Russomano e ressaltam equívocos da matéria: “Mentira! Quem chamou a Policia Federal foi o comandante do voo. O Russomano causou motim e incentivou os passageiros a não descerem da aeronave. Eu estava no voo. Todos estávamos cansados. A tripulação já estava voando havia quase 10 horas. O comandante explicou que por segurança não poderia sair com o voo.”, disse o leitor de um blog que publicou o vídeo retirado do YouTube (www.blogdomarcelo.com.br).
Outro internauta critica o programa de televisão: “Puro sensacionalismo da Record! Já ouviram falar em Regulamentação Aeronáutica? Leiam a regulamentação e saibam os seus direitos e deveres.”
A chamada do vídeo diz “Confusão e desrespeito no aeroporto de Salvador”. Neste caso leitor, o que você acha? Quem desrespeitou quem?
Veja o Vídeo no Link abaixo:




1 comentário:

  1. Acho coerente a indignação e reação do Russomano pelo que li aqui. Vergonhoso é um avião demorar 5 horas para depois os passageiros (ÚNICAS VÍTIMAS) ter que sair da aeronave, atrasando-se os compromissos particulares de centenas de pessoas. Cabe à companhia aérea toda a culpa. Cadê as revisões dos aparelhos? Manutenção preventiva? Como que uma aeronave fica 5 horas parada até que alguém tome uma decisão? O pessoal em terra da companhia estava fazendo o que durante este tempo? Como que uma companhia aérea não tem um departamento de gestão de situação de crise???? Não se deve jogar a culpa do problema no Russomano. A responsabilidade cabe sim aos tripulantes, e em primeiro lugar, ao comandante da aeronave que devia chamar a polícia federal sim para prender a diretoria da companhia aérea...

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